“É importante que o PT debata o mundo do trabalho”, diz Rafael

O presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, Rafael Marques, defendeu que o Partido dos Trabalhadores discuta mais o mundo do trabalho e suas transformações, para além dos processos eleitorais. 

“Temos que dar autonomia as pessoas, rever as nossas práticas, dar mais liberdade. As pessoas não têm tanta consciência de classe, como tinham no passado, mas estão mais empoderadas individualmente”, avaliou durante o debate Perfil da Classe Trabalhadora – Organização do Trabalho e Formas de Luta, realizado, por videoconferência, pelo Diretório Municipal do PT de Lorena, na tarde deste sábado, 10. 

Segundo ele, as relações dos dirigentes e seus representados têm se modificado por conta dessas transformações sociais. 

“A relação tem que ser de igual para igual. Cada vez mais precisamos buscar isso, por que as pessoas nunca verão o seu patrão ou seu chefe de igual para igual. A força militante que criou o PT tem que se colocar como todos os trabalhadores, de igual para igual”, completou. 

Para Rafael, a fragmentação das profissões desarticularam os movimentos sindicais e suas organizações, inclusive o PT. 

“A chamada indústria 4.0, a internet das coisas, inteligência artificial e outras têm modificado o mundo do trabalho, criado novas categorias, como dos que atendem demandas por aplicativo, como caso da Uber e Ifood e onde estão os representantes desses trabalhadores? Têm que estar no local de trabalho, mesmo que seja embaixo de uma árvore, esperando o chamado para a entrega”, exemplificou. 

“Por isso, é importante que o PT debata o mundo do trabalho, para chegarmos onde essas pessoas estão, ouvi-las e saber quais são suas reivindicações e não ficarmos apenas discutindo o processo eleitoral”, completou.

A fragmentação e a precarização no mundo do trabalho foi demostrada pelo estudo realizado pela socióloga Adriana Marcolino, da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na CUT Nacional. 

Ela classificou os tipos de contratos que precarizam o trabalho como: temporário, em tempo parcial, com intermediação de mão de obra e por conta própria economicamente dependente. Além das inúmeras divisões no mercado de trabalho, onde está inserida a população economicamente ativa. 

Veja quadro abaixo: 

“O termo precarização qualifica as mudanças ocorridas desde a década de 70, que indica um movimento cujo parâmetro de comparação são as conquistas operárias, seja do Estado de bem-estar nos países de capitalismo desenvolvido ou do desenvolvimentismo em países como o Brasil”, explicou a socióloga. 

Segundo ela, a precarização se refere às consequências da redução dos direitos trabalhistas, da proteção social e da atuação do Estado nessa regulação para os trabalhadores e está associada também às consequências para os trabalhadores da inserção de novas tecnologias, da reorganização do espaço das empresas, da necessidade da polivalência e de mecanismos que tornam o salário variável, entre outras. 

Para Marcolino, superar a fragmentação, avançar nos direitos, garantir a organização e a representação sindical e promover negociações mais abrangente e inclusivas são os desafios do movimento sindical para ‘organizar a classe que vive do trabalho’.

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