Paim fala com metalúrgicos aposentados no Dia do Idoso

Os ex-trabalhadores aposentados na Ford, em São Bernardo; o presidente da Associação dos Metalúrgicos Aposentados, a AMA-ABC, Wilson Ribeiro, e integrantes da Associação dos Metalúrgicos Anistiados do ABC, AMA-A ABC estiveram reunidos, por meio de videoconferência, com o senador Paulo Paim-PT/RS, no último dia 1º de outubro dia Mundial do Idoso.

A atividade buscou estabelecer uma agenda de luta dos aposentados e aposentadas do Brasil, que têm sofrido com a situação econômica do País, com aumento significativo na inflação, o que tem corroído o poder aquisitivo dos brasileiros e o alto índice de desemprego, que faz com que o benefício do aposentado seja, muitas vezes, a única renda das famílias.

“Cerca de 35 milhões de pessoas são aposentadas no Brasil e 70% delas recebem um salário mínimo, com a pandemia e o adiantamento do 13º salário, surgiu o projeto do 14º salário emergencial aos aposentados”, ponderou o companheiro Cláudio Teixeira, o Zuza, sobre o Projeto de Lei 3.657/2020 de iniciativa popular, que o senador é o relator.


Zuza criticou o fato de o aposentado ser ‘um ser invisível’ na sociedade, visto como um peso para o Estado, que tem que depositar todos os meses o benefício.
“O debate é para que a gente possa fazer essa luta de resistência para o momento atual e para o futuro”, completou o ex-dirigente na Ford.

Para Alberto Eulálio, o Betão, há uma grande dificuldade em mobilizar os aposentados e pensionistas que estão no ‘mesmo barco’.


“Criaram seus filhos, agora estão criando os netos e estão endividados no banco, com a questão do crédito consignado e a nossa proposta é para que a gente consiga fazer mobilizações para além da Previdência, mas para a educação, a saúde, o transporte e para que o aposentado levante a cabeça”, defendeu Betão, coordenador da primeira Comissão de Fábrica do Brasil, conquistada pelos trabalhadores na Ford em 1981.
Ainda sobre o crédito consignado aos aposentados, o presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, Rafael Marques, destacou a importância de sua criação, como forma de inclusão e acesso ao crédito, mas também a preocupação com o endividamento das famílias.


“Pela baixa educação financeira da maioria da população brasileira, haveria alguma possibilidade de implementar essa educação no âmbito da Previdência Social, para ajudar os aposentados a não perderam o controle das finanças?”, perguntou Rafael.

O presidente da AMA-ABC registrou a participação das entidades de representação nos governos Lula e Dilma, em conselhos da Previdência e a conquista de um técnico previdenciário que, uma vez por mês, atende e orienta os aposentados da Associação.


“Conquistamos o pagamento dos benefícios até o 5º dia útil de cada mês, o que antes podia ser feito até o dia 20; as farmácias populares, na gestão do ministro Alexandre Padilha; além da ampliação dos remédios de uso das pessoas idosas, com valor reduzido ou disponibilizados gratuitamente nos postos de saúde”, lembrou Wilson Ribeiro.
Ele contou sobre as dificuldades impostas pelo governo atual, que nem sequer atende às entidades e, após ter extinto o Ministério do Trabalho e da Previdência no primeiro dia de seu mandato, apenas recriou a pasta em julho desse ano.

O presidente da Confederação Nacional do Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Paulo Cayres, o Paulão, defendeu o fortalecimento de uma política para o pós-aposentadoria, que dê dignidade aos aposentados.


“Temos que pensar em melhorar o atendimento à saúde e atacar a reforma previdenciária, que é uma pauta nossa para desconstruir. Vamos esperar, como o Chile, 40 anos para ir para as ruas?”, indagou o presidente.
“A verdade é que, com a reforma, não iremos nos aposentar, ainda mais com o modelo de trabalho precário que está sendo adotado e quando não se tem expectativa no horizonte em se aposentar, a tendência é abandonar a lógica da previdência pública”, alertou Paulão.

A coordenadora do setorial da Pessoa Idosa, do diretório municipal do PT de São Paulo, a socióloga Maria de Lascio, avaliou as dificuldades de criar os coletivos, apesar das muitas demandas dessa população.


“Ninguém quer ser idoso. O idoso é sempre o outro, mas precisamos fazer essa conexão e estarmos juntos nessa luta”, disse.

O companheiro Djalma Bom fez uma solicitação ao senador Paulo Paim para uma emenda constitucional que substitua a palavra ‘objetivos’ para ‘deveres’ e exemplificou.


“No Capítulo I, dos princípios fundamentais, artigo 3º, diz o seguinte: Constituem-se objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, solidária, entre outros”, explicou Djalma.
“Para que aprecie e torne: Constituem-se deveres fundamentais…”, completou.

Com a palavra o senador
14º Salário
O senador Paulo Paim, autor do Estatuto do Idoso, aprovado em 2003, respondeu às questões levantadas pelo grupo, lembrando que a proposta do 14º salário foi fruto de mais de 40 mil assinaturas encaminhadas a ele, como presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado.
“O projeto do 14º salário está pronto para ser votado em plenário, é um projeto interessante que beneficiará 35 milhões de pessoas de forma direta, podendo ultrapassar 100 milhões de pessoas de forma indireta. Injeta na economia R$ 42 bilhões e com isso impulsiona o mercado interno, comprando e vendendo e gerando empregos”, explicou.
Segundo Paim, ainda falta o presidente do Congresso e do Senado colocarem em pauta para votação. Ele lembrou que há também um outro projeto do deputado federal Pompeo de Mattos, que foi aprovado em uma comissão, mas ainda precisa passar por outras duas comissões na Câmara Federal.
“É muito difícil que o projeto seja aprovado, por que esse governo é de desconstrução e não tem interesse nenhum em aprovar esse projeto para os aposentados e pensionistas”, lamentou.
“Só tem uma chance do 14º ser aprovado: se houver uma grande mobilização nacional para pressionar o Congresso, até para derrubar o veto presidencial. Se houver, tem chance, mas se não é chance zero”, afirmou o senador.

Salário mínimo
“Nós fizemos a proposta de que a correção do salário mínimo fosse inflação mais o dobro do percentual de aumento do PIB do ano anterior e trabalhamos isso com as centrais sindicais”, relembrou.
Com isso, conta o senador, foi conquistado o que era mais factível, que era a inflação mais PIB.
“Nós partimos de um salário mínimo, que lutávamos para chegar a US$ 100, como de fato conseguimos no governo Fernando Henrique, mas graças a essa política de inflação mais PIB, atingimos US$ 350 e no governo atual, que acabou com a política de reajuste do salário mínimo, o salário mínimo hoje vale menos de US$ 200”, criticou.
O senador Lindberg Farias, do PT-RJ reapresentou o projeto de Política de Valorização do Salário Mínimo e dos Benefícios Pagos pelo Regime Geral da Previdência, o qual Paim é o relator e já foi aprovado em duas comissões.
“Queremos brigar para que não seja somente para o salário mínimo, mas para todos os aposentados até o teto que é entorno de cinco salários mínimos”, disse.

Diálogo
Paim destacou a importância de diálogo com toda a sociedade e afirmou que o mantém com todas as centrais sindicais e todas as entidades de aposentados e pensionistas, preocupado com a situação dos idosos no Brasil.
“Só acredito que se as entidades espalhadas pelo País conseguirem caminhar para uma frente ampla, que eu defendo, é que poderemos avançar e pressionar o Congresso para mudar o quadro que se apresenta, por que esse governo não fará nada. Ao contrário, irá retirar cada vez mais os direitos dos aposentados e pensionistas”, concluiu.

Educação financeira
“Se nós nos aprofundarmos mais nesse debate para não permitir que os aposentados e pensionistas fiquem na situação que se encontram hoje é possível, mas com muito trabalho nesse campo da educação financeira”, ponderou.
Reforma da previdência e capitalização
“Nós resistimos tudo o que deu, fizemos um combate ferrenho contra esse governo que está aí e passou essa reforma que só trouxe prejuízo aos trabalhadores”, avaliou.
Segundo Paim, tanto o PT como os partidos de centro esquerda ainda conseguiram retirar alguns prejuízos, como o regime de capitalização, que ‘é o sonho do Guedes’.
“Conseguimos enterrar a capitalização e mantivemos a previdência dos males o menor, mas claro que em um governo nosso temos que recuperar tudo que retiraram da previdência pública”, defendeu.
Ele ainda completou que esse processo de luta coletiva no Senado contou com a participação da bancada do Partido dos Trabalhadores e que a atuação também na Câmara foi fundamental e com isso, evitaram a carteira verde e amarela, que tirava os direitos dos trabalhadores, e derrubaram no plenário do Senado a Medida Provisória 1045, chamada de minirreforma trabalhista, que precarizava ainda mais as relações de trabalho.

Compromissos
O Senador Paulo Paim comprometeu-se a apresentar a ampliação do direito à gratuidade no transporte público para aposentados e pensionistas que ganham até três salários mínimos e não até dois, como é atualmente.
Ele também afirmou que irá propor a alteração da Constituição Federal com as sugestões do companheiro Djalma Bom.

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