Metalúrgicos debatem desafios dos trabalhadores na nova indústria em seminário do TID-Brasil

O Instituto Trabalho, Indústria e Desen­volvimento, o TID-Brasil, realizou, nos dias 13 e 14 de junho, o Seminário: Desafios da indústria no Brasil e dos tra­balhadores e trabalhadoras, no Hotel Dan Inn, em São Paulo.

O ex-presidente do Sindi­cato e presidente do TID-Bra­sil, Rafael Marques, falou à Tribuna sobre os objetivos do Seminário e os principais pontos que serão debatidos pelos metalúrgicos, químicos, trabalhadores no vestuário, alimentação e construção civil e madeira, além de convidados das universidades, centros de pesquisa, Dieese, economistas, engenheiros, microempresá­rios, entre outros.

Objetivos

É o primeiro Seminário do Macrossetor da Indústria e do TID-Brasil e tem o objetivo principal de disseminar ideias sobre a missão do Instituto e ter uma perspectiva das tendências que estão se con­firmando e que terão reflexos na indústria, no modo de pro­duzir e de distribuir aquilo que se produz.

Influência das Redes

O universo das mídias so­ciais e redes e a associação dessas tecnologias, que foram lançadas cada uma em sua pla­taforma, estão se interligando e ganhando um impulso muito forte. É um mundo novo. Mes­mo na China e na Rússia, essas plataformas ganharam espaço.

Efeitos sobre o emprego

Podemos classificar a nova Indústria 4.0 como indesejá­vel, mas não podemos fugir da realidade. Essa mudança preocupa, não só o movimento sindical, que terá que construir a defesa do trabalhador sob esse aspecto, mas também propor que país teremos daqui dez anos.

Remuneração

O que poderá ocorrer na indústria é o que aconteceu no agronegócio, na agricultura pós-mecanização. Quantas pessoas trabalham nas gran­des propriedades? Muita tec­nologia e pouquíssima gente trabalhando.

Indústria 4.0

Conhecemos linhas, setores de empresas que são 4.0, como a Tyssen, em Minas Gerais; uma linha 4.0 na Mercedes-Benz; uma empresa de me­dicamentos em Hortolândia; a Grob com maquinário 4.0, mas nenhuma 100%.

Políticas públicas

A reforma Trabalhista não dialoga em nada com isso, não tem nenhum mecanismo de qualificação profissional.

Condições de vida

As novas tecnologias têm que melhorar a vida dos tra­balhadores, com jornadas me­nores, mais tempo para estudo e lazer.

Microempresas

No ABC, temos quase 14 mil postos de trabalho em em­presas com até 50 metalúrgicos contratados, o que representa 25% da base.

Diálogo

Temos que intensificar o diálogo. Não podemos aceitar que o Brasil siga como está, com uma margem pequena para conversar, com pouco espaço para apresentar propostas que beneficiem os trabalhadores.

Reindustrialização

Vivemos uma desindustria­lização precoce. Nem chega­mos a um patamar de renda e de vida, com riqueza das famí­lias e já estamos enfrentando esse dilema.

Geopolítica

Qualquer problema que os Estados Unidos têm com a China afeta o setor de carneno Brasil. Se exportarmos mais soja para a China em função de uma retaliação dos Estados Unidos àquele país, teremos impacto na ração do frango que consumimos?

Estratégia

Todos os países têm suas estratégias para enfrentar essa nova realidade e precisamos propor que o Brasil também tenha, com a participação das universidades e centros de pes­quisas, como é o caso a UFABC e do CTI, de Campinas.

Propostas

Temos um grande desafio de construir propostas que sejam possíveis de serem im­plementadas e isso é bastante complexo para o Brasil que tem dimensão continental e realidade muito diversificada.

Inovar-Auto

O Inovar-Auto foi um gran­de programa, gerou empre­go, trouxe empresas, definiu padrões. O trabalhador nas montadoras sabe da impor­tância do Programa, mas pode ser que alguns nem se deram conta de que foram contratados pela Toyota, em Porto Feliz, por conta do Regime Automotivo.

Movimento sindical

Por isso, precisamos cons­truir propostas com o apoio da sociedade, para que as políticas não sejam destruídas.

Individualismo

O que preocupa é o excesso de individualismo. Mesmo entre os mais pobres está cres­cendo esta visão individualista ‘do eu me basto’. A IndustriALL é importantíssima nesse debate, porque se teremos uma nova indústria temos que ter uma nova missão para os represen­tantes dos direitos. A vinda do (Valter) Sanches traz uma visão mundial do que é mais avançado e também do que é mais atrasado, como as relações da indústria têxtil no sudeste asiático.

Luta

Existe uma crise de repre­sentação no mundo. Precisa­mos reconhecer e temos que nos juntar e mostrar que o mo­delo tem que ser fortalecido. Os mais jovens, às vezes, perdem a concepção do coletivo. Não podemos perder a noção da importância da luta.

Da Tribuna Metalúrgica/SMABC
Foto: Adonis Guerra

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