Sem diálogo só teremos migalhas

Por Rafael Marques

Representantes de dez entidades patronais do setor da indústria apresentaram ao futuro ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni, uma proposta para a criação de um Ministério da Produção, Trabalho e Comércio.

A iniciativa do empresariado se deu por conta de uma intenção do próximo governo, divulgada pela imprensa, de fusão dos Ministérios da Fazenda, Planejamento e MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Até aí, a corrida das entidades, incluindo a Anfavea, a Abimaq e a Abiquim, entre outras, com o intuito de preservar o papel da indústria se justifica, no entanto, quando o documento propõe a combinação de produção e trabalho deveria, em primeiro lugar, ter mantido o diálogo com os representantes dos trabalhadores.

Seria o mínimo de respeito às entidades sindicais, que construíram nos últimos períodos diversas políticas como o layoff, o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, e a valorização do salário mínimo, que ampliou a renda do trabalhador, impulsionou o consumo e, consequentemente, manteve a produção industrial.

A proposta das entidades, segundo matéria publicada em jornais impressos, pretende melhorar as relações capital-trabalho, mas essas relações somente poderão ser aprimoradas se todas as partes forem ouvidas. Nada será construído se uma das partes estiver alijada do processo.

A atitude dos representantes da indústria é desrespeitosa com o movimento sindical e ao tentar buscar migalhas do futuro governo reduz a importância do papel da indústria brasileira na economia e diminui a construção das relações capital-trabalho.

O movimento sindical brasileiro jamais lutou por migalhas de nenhum governo e sempre apresentou propostas de avanços significativos para o conjunto dos trabalhadores e para o desenvolvimento social do País.

 

Rafael Marques é presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento – TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

 

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