Dois bilhões e meio de reais aos cofres da…Operação Lava Jato?

Por Rafael Marques

Na semana passada, se já não bastasse tudo que vem acontecendo no Brasil, fomos surpreendidos com a divulgação dos detalhes do acordo que a Petrobras firmou junto ao Departamento de Justiça Norte-Americano, em setembro do ano passado, de pagamento de R$ 3,5 bilhões em multas para não ser processada por acionistas daquele país.

Acontece que do valor total imposto à Petrobras, 80% ou R$ 2,5 bilhões irão para a 13ª Vara Federal de Curitiba, que comanda o processo da Lava Jato e mais que isso, a metade ou R$ 1,250 bilhão serão destinados para uma fundação de direito privado comandada pelos procuradores da Operação Lava Jato.

O que os procuradores do Ministério Público Federal de Curitiba fizeram para que os norte-americanos abram mão de 80% do acordo?

Ninguém faz isso de graça. Não existe nada de graça no mundo.

Será o pagamento de serviços realizados, que favoreceram os Estados Unidos? Os negócios da petroleiras norte-americanas no Brasil e a concepção dessa nova direita americana que não quer mais que o Brasil tenha em suas mãos setores estratégicos, independentes e progressistas? Dessa direita que não quer que o Brasil tenha autonomia e sim se comporte como o 51º Estado norte-americano?

Estamos questionando: esse é o pagamento para manter o Lula injustamente preso?

Que interesses foram atendidos pelos procuradores do Ministério Público Federal, em Curitiba, para receberem esse valor?

Foram os benefícios que a operação Lava Jato concedeu às petroleiras estadunidenses, que retornaram ao Brasil em condições muito mais favoráveis desta vez para usufruírem da nova partilha de exploração do Pré-Sal?

É bom lembrar que os efeitos da Operação Lava Jato, na crise econômica brasileira, foram devastadores, paralisando as empreiteiras sem critérios e sem cuidados com os trabalhadores que foram punidos indiretamente, com a perda de seus empregos.

A punição a quem cometeu erros não está em questionamento, mas a paralisia imposta por essas ações é um fato.

Na minha avaliação esse dinheiro é um prêmio descabido a Lava Jato e está longe de ter uma explicação convincente.

Rafael Marques é presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

 

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