Nem o FMI consegue projetar crescimento do Brasil

Foto interna da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo

Por Rafael Marques

O Fundo Monetário Internacional, o FMI, faz projeções da economia no mundo inteiro e em 2019 fez várias em países emergentes e avançados e também da média mundial.

Entre a expectativa no início do ano e o que tem acontecido de fato na economia, a diferença está em torno de 0,5% de queda em relação ao projetado.

No caso do Brasil, a diferença é três vezes maior, 1,6% de diferença entre a expectativa que era 2,5% de crescimento e o agora divulgado pelo Fundo de que será de 0,9% ou 0,85%.

A dificuldade de se aproximar do índice real de crescimento econômico, demonstra que a crise no Brasil é de confiança e política e, portanto, não é com fatores exclusivamente econômicos que serão decifrados os problemas da economia brasileira.

O problema econômico no País está atrelado a decisões de natureza política, agravado por uma crise institucionalizada de maneira muito forte, desde 2013.

O papel da própria burguesia econômica que apostou no ‘quanto pior melhor’ e contribuiu para deteriorar ainda mais as relações internas no Brasil do ponto de vista social e político.

Com isso, o crescimento não se materializa, o investimento não acontece e o Estado está acovardado em chamar para si as grandes obras de infraestrutura e social.

O País está nas mãos de pessoas com visão ultraliberal, lideradas por um presidente destemperado e desequilibrado, e o Estado, acovardado, perdeu protagonismo em organizar a economia nacional.

Claro que existem fatores econômicos que explicam, em parte, o enfraquecimento da economia brasileira, o principal deles é a indústria brasileira, por meio de seus empresários que também estão arrolados nessa crise de natureza política, amedrontados, não investem e os fatores que levaram ao enfraquecimento da indústria brasileira se deve também aos poucos economistas e entidades que estão avaliando de maneira racional o peso da desindustrialização na crise de desemprego e baixo crescimento.

A soma da crise política, da insegurança jurídica, orquestrada pelo Supremo Tribunal Federal, o STF, e por um grupo de operadores do direito que tem dificultado a confiança no Brasil, além do desmonte do setor da Construção Civil, em parte, por conta da falta de visão estrutural nacional, que se apresentou na Operação Lava Jato.

Enfim, esses fatores é o que precisamos buscar vencer para que haja uma projeção de crescimento assertiva sobre o futuro da economia brasileira.

Rafael Marques é presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *