MSI reunirá dirigentes de SP, MG, PR e SC nesta semana

O Macrossetor da Indústria da CUT, o MSI-CUT e o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, realizam os Encontros Regionais em São Paulo e Minas Gerais, nesta quinta-feira (11), e Paraná e Santa Catarina, na sexta-feira (12), das 14h30 às 18h por videoconferência. 

Na última sexta (5), o presidente do TID-Brasil, Rafael Marques, falou – também por videoconferência – sobre a desindustrialização precoce da indústria no Brasil e as oportunidades para o País no pós-pandemia, aos representantes dos trabalhadores e trabalhadoras no setor em Pernambuco.

“Temos uma indústria de baixa e média tecnologia e não entramos na indústria de alta tecnologia, como na Europa e a China”, lamentou. 

“Essa plataforma, que estamos usando para realizar esse encontro virtual, foi desenvolvida por uma indústria de tecnologia que não é nacional, mas é onde o emprego vai estar, vão usar tecnologias no meio de produção e empregar menos”, exemplificou o presidente. 

Para ele, é fundamental o debate sobre a inserção das novas tecnologias na vida e no dia a dia do trabalhador e da trabalhadora, assim como a regulamentação de uso e garantia da privacidade dos usuários. 

“A imagem mais simbólica que temos desse processo é a do parlamento inglês a espera do depoimento de Marck Zuckerberg, fundador do Facebook, para esclarecimentos sobre o escândalo do mal-uso de dados na campanha do Brexit. Ele simplesmente não apareceu”, completou. 

O presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, destacou todo o complexo industrial criado no Estado, sua contribuição para a educação e a preocupação dele com o reposicionamento no pós-pandemia. 

“Vimos ser implantado a indústria no sertão, nas matas e todos os quadrantes do Estado e, com isso, o investimento na área educacional, na Federal de Pernambuco, na Universidade do Vale do São Francisco, com crescimento do ponto de vista da indústria e da ciência”, disse. 

Segundo ele, esse polo do setor já tinha sido impactado negativamente por conta da Operação Lava Jato, que, praticamente, paralisou a indústria da construção civil. 

Além disso, Rocha apontou a ameaça de privatização da Dataprev e do Serpro, como um fator de risco para a indústria digital, que tem sido desenvolvida no Recife. 

“É fundamental que os sindicatos estejam atentos ao novo perfil dos trabalhadores e trabalhadoras e que o desenvolvimento do parque tecnológico do Pernambuco seja acessível para a classe trabalhadora”, defendeu o dirigente. 

A supervisora técnica do Dieese de Pernambuco, Jaqueline Natal, alertou para a heterogeneidade da indústria pernambucana, com parques fabris modernos convivendo com estruturas arcaicas. 

“Vamos entrar na 4ª revolução industrial pela precarização do trabalho?Qual a política que temos para as pequenas e médias empresas, que representam a maioria dos empregos no Brasil?”, questionou. 

“O desenvolvimento e as propostas precisam dialogar com a sustentabilidade do meio ambiente e com os chamados ‘empregos verdes’, que valorizam os trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou.  

Segundo a supervisora, a participação da indústria no Produto Interno Bruto, o PIB, de Pernambuco na ordem de 21%, credencia os trabalhadores a disputar o espaço e não arcarem com o ônus da pandemia. 

“Já que estamos sendo boicotados pelo governo federal, é totalmente possível apresentar um projeto sustentável e com energia limpa, que garanta os direitos mínimos dos trabalhadores ao Consórcio do Nordeste”, avaliou. 

O secretário-adjunto Nacional de Comunicação da CUT, Admirson Medeiros Ferro Junior, o Greg, também criticou a maneira com que as tecnologias têm sido adaptadas ao mundo do trabalho no Brasil. 

“O uso da tecnologia e a informalidade, com a precariedade crescendo em todas as áreas, retirando direitos e permitindo a sua utilização contra os trabalhadores”, denunciou. 

Ele enfatizou a necessidade de formação permanente para que o trabalhador no chão de fábrica possa identificar os conflitos e entenda a disputa de classes, compreendendo o seu papel social. 

Os representantes dos trabalhadores e trabalhadoras químicos, metalúrgicos, do ramo do vestuário, da alimentação, da construção e madeira e do Sinergia também debateram durante o Encontro do MSI, etapa de Pernambuco, a organização e as estruturas sindicais. 

O presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção e Madeira, Cláudio da Silva Gomes, coordenou os trabalhos e criticou a posição revanchista do governo federal em relação aos estados nordestinos, como represália pela votação inexpressiva que recebeu na eleição. 

“O governo tem segregado o Nordeste e Pernambuco, como um polo industrial. Precisamos garantir a sobrevivência das empresas, pensar na retomada da economia no pós-pandemia e fazer com que o processo de industrialização do Nordeste não seja interrompido”, completou.

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