Competitividade industrial: a Ásia à frente

A indústria brasileira encolherá cada vez mais nos próximos anos

Por Milton Pomar

A Coréia do Sul alcançou o primeiro lugar no ranking do estudo “Competitividade Brasil 2018-2019 – comparação com países selecionados”, da Confederação Nacional da Indústria, realizado anualmente a partir de 2010. Dentre os 18 países avaliados, a China mantém-se no quarto lugar desde o início. Junto com a Tailândia (6º), China e Coréia do Sul integram o bloco dos países em posição mais favorável. A Turquia (9º) e a Rússia (10º) seguem bem colocados, no terço intermediário. E no terço inferior, Indonésia (13º) e Índia (15º) estão à frente dos latino-americanos Colômbia (14º), Peru (16º), Brasil (17º) e Argentina (18º).

Esse estudo da CNI sobre a competitividade industrial leva em consideração nove fatores – cinco diretamente relacionados à atividade empresarial e quatro a aspectos externos a ela –, que se desdobram em 20 subfatores, totalizando 56 variáveis. Em alguns casos há falta de dados de um ou outro país, o que leva a comparações entre 17 ou 16 deles.

O Brasil segue o último (18º) no quesito “Disponibilidade e custo do capital”, e muito mal (15º) no que tange à Infraestrutura e Logística – é o pior (18º) em qualidade de rodovias e eficiência de serviços portuários; e o penúltimo em eficiência de serviços ferroviários. Está em 16º em integração ao transporte marítimo global; 14º (em 16) em densidade da malha ferroviária; 14º (em 18) em logística internacional e no Logistic Performance Index (LPI); e 13º em tempo e custo para exportar e importar e em conectividade de rodovias.

Como era de se esperar, os países asiáticos continuam bons em Tecnologia e Inovação (Coréia 1º, China 2º e Tailândia 5º), área na qual o Brasil também se destaca (8º). A grande surpresa é o fator “Peso dos tributos”, no qual o Brasil aparece em 15º lugar. Consequentemente, todos os países asiáticos têm cargas tributárias bem menores do que a brasileira: Tailândia (1º), Indonésia (2º), Coréia (4º), Rússia (5º), China (10º), Turquia (12º) e Índia (13º).

Moral da estória: ou o Brasil altera radicalmente o acesso e o custo do capital e a sua matriz de transportes – investindo na duplicação da malha ferroviária e na melhoria substancial do transporte marítimo –, ou poderemos esquecer o setor industrial, porque simplesmente nunca teremos preços competitivos para produtos industriais brasileiros. Em outras palavras, a indústria brasileira encolherá cada vez mais nos próximos anos, por não ser suficientemente competitiva e porque a dos países asiáticos aumenta cada vez mais a sua competitividade e domínio comercial.

Com informações do Grupo Amanhã

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