Reitora denuncia falta de apoio ao combate à Covid

A reitora da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, responsável pelo Hospital São Paulo, Soraya Smaili, relatou a dificuldade que vem enfrentando para continuar no combate à pandemia do coronavírus na Instituição que, segundo ela, tem o pior orçamento da União ao longo de sua história, no momento mais difícil e de agravamento do contágio pela doença. 

“Triplicamos o número de leitos, mas ainda não conseguimos autorização para contratação de profissionais de saúde de forma temporária. Solicitamos ao Ministério da Educação, ao Ministério da Saúde e à Secretaria de Saúde o pedido de credenciamento de leitos de UTI, mas não fomos atendidos”, lamentou a reitora. 

Smaili, comparou as ações que ocorreram no início da pandemia, com doações de empresários e pessoas físicas, com a situação atual, com o aumento de casos e a agressividade maior do vírus da Covid-19. 

“Há um esgotamento físico e mental dos trabalhadores tanto da saúde quanto dos pesquisadores. A Unifesp tem 380 projetos de pesquisa sobre a Covid-19, lembrando que as vacinas que temos não impedem o contágio, mas evitam o desenvolvimento de formas graves dessa doença devastadora”, alertou.

A denuncia foi feita durante o debate O enfrentamento da Covid-19 no Grande ABC, realizado pelo Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, em parceria com o Instituto Sulamericano para a Cooperação e a Gestão Estratégica de Políticas Públicas, o AMSUR, na manhã deste sábado (27).

A atividade reuniu – por meio de videoconferência – além da reitora, o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro; o médico sanitarista, Fernando Galvanese e os secretários municipais de Saúde de Santo André, Márcio Chaves; de Diadema, Rejane Calixto; de Mauá, Célia Bortoletto, e de Ribeirão Pires, Audrei da Rocha Silva. 

Para Chioro, a baixa imunização da população pode levar o Brasil a apresentar o triste recorde de 500 mil vidas perdidas até o próximo mês de julho. Além disso, ele destacou três problemas graves que deverão ser enfrentados pelo sistema de saúde no pós-Covid: as sequelas da doença, os transtornos mentais, entre eles alcoolismo e o uso de drogas e a pressão de doenças, que estão represadas por conta da pandemia. 

“O ABC pode construir um serviço regional com compartilhamento de experiências, com a participação de governos e das universidades. Pode ser um exemplo para o Brasil”, afirmou. 

O ex-ministro apontou que as saídas para a crise sanitária e a retomada da economia têm que enfrentar as desigualdades sociais. “É um absurdo que em 2021, ainda tenhamos pessoas morando sem saneamento básico, acesso à água potável e vida digna”. 

O médico sanitarista, Fernando Galvanese, também destacou esse aspecto social exposto pela crise sanitária. “As epidemias desnudam as mazelas da sociedade”. 

Ele apresentou a triste marca atingida pelo ABC, de 430 óbitos na última semana, com o crescimento em torno de 35% da letalidade pela Covid-19, na região. 

Os secretários municipais de Saúde relataram o drama que têm vivido em cada uma das cidades, com o sistema colapsado e a fome que também vem adoecendo as pessoas, o que acaba por pressionar ainda mais o sistema de saúde. 

Todos foram unânimes em cobrar e pressionar pela compra de mais vacinas, para acelerar a imunização da população. 

Confira a íntegra do debate em:

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *