“Fiesp tem cadeira na antessala de Guedes”, afirma Luizão

Foto: Adonis Guerra/SMABC

O ex-presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, que deixou a entidade após a 8ª Plenária Estatutária, realizada nos dias 6 e 7 de agosto, fez um balanço sobre a crise econômica brasileira e o cenário da indústria no Estado de São Paulo. Ao TID-Brasil, Luizão fez duras críticas à falta de política industrial no Brasil, durante entrevista na sexta (13).

“Depois do golpe de 2016, o que houve foi um abandono geral da política industrial no País, com avanço da economia liberal, que ganhou força e que apoia sempre aquilo que não tem regras. Brasília (governo federal) ditando um vale-tudo e o Estado de São Paulo também”, denunciou o ex-presidente.

Segundo ele, essa desregulamentação levou várias indústrias ao fechamento, que não conseguiram, além de enfrentar a crise, competir com incentivos em outras localidades.

“Vou dar o exemplo do Ex-Tarifário (regime de redução da alíquota de importação), que teve impacto direto em indústrias fortes em Sorocaba, desenvolvedoras de energia eólica, como um polo industrial importante, que tinha cerca de 800 trabalhadores qualificados e um potencial de crescimento”, explicou.

“A medida de zerar o imposto, que é uma política nacional, interferiu diretamente nesse segmento no Estado de São Paulo e terá como resultado uma defasagem tecnológica acentuada e, consequentemente, a perda de postos de trabalho”, completou.

Para Luizão, o governador João Doria não tem interesse em fazer com que as empresas permaneçam no Estado e em todos os segmentos industriais, pequenos e médios com capital nacional, viram fábricas baixarem as portas.

“O caso da Ford no ABC é emblemático, ao invés do governador tentar medidas para evitar a saída da empresa, Doria tentou vender o imóvel, como um corretor. Em Taubaté, ele lavou as mãos e foi muito pior, não apresentou nenhuma alternativa”, relembrou.

“Perdemos empregos e a capacidade de avanço tecnológico, em uma região com mão de obra muito qualificada”, lamentou o ex-dirigente da FEM-CUT.

Ele criticou o aumento da carga de ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação), promovida pelo governo João Doria, que afugentou a LG e foi a ‘gota d’água’ para o encerramento da produção de eletroeletrônicos, ocasionando a demissão de cerca de 600 trabalhadores.

“O que eu mais ouço dos empresários é que o Estado de São Paulo não tem uma política de acolhimento das empresas, que a burocracia os consomem, que não há incentivos contra a concorrência desleal e que esse aumento de ICMS inviabilizou as operações no Estado”, relatou.

“Os empresários da Fiesp são muito mais críticos ao Doria que ao governo genocida de Bolsonaro. Eles têm cadeira cativa na antessala do ministro da Economia, Paulo Guedes e vêm ‘minimizando’ suas perdas com a retirada de direitos dos trabalhadores, promovida pelo governo federal”, afirmou.

“Com a MP 1045, querem transformar o trabalhador em escravo de novo. Uma vergonha”, concluiu o ex-presidente da Federação.

Luizão ficou à frente da FEM-CUT desde fevereiro de 2015 e também foi Secretário de Formação Sindical na entidade por cinco anos e meio. Ele assumirá novas tarefas no Estado de São Paulo, na organização dos trabalhadores e trabalhadoras na indústria e na reestruturação sindical da Central Única dos Trabalhadores, a CUT.

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