Plano Indústria 10+ propõe diretrizes para o setor no Brasil

Texto de Luciana Yamashita e fotos de Adonis Guerra – Tribuna Metalúrgica

Na reunião ampliada do Macrossetor da Indústria da CUT, com a participação do Sindicato, os dirigentes dos ramos metalúrgico, químico, vestuário, alimentação e construção civil aprovaram o Plano Indústria 10+ no último dia 4.

O Plano é um conjunto de diretrizes para orientar as políticas industriais para os próximos 10 anos. Novas contribuições poderão ser incorporadas ao documento.

A proposta foi articulada pelo Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, com técnicos do Dieese das confederações do Macrossetor da Indústria da CUT e dos Metalúrgicos do ABC e a colaboração de professores da USP, UFABC e USCS.

“O Indústria 10+ é um conjunto de diretrizes para dar força e importância à política industrial brasileira, que esteja cravada dentro da própria política econômica do País. Se não, há um potencial destrutivo sobre a indústria”, afirmou o presidente do TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato, Rafael Marques.

“A política industrial tem que ser uma política de Estado, não de governo. Temos que enfrentar o debate com os ultraliberais que consideram que a indústria é coisa do passado e que o País não precisa de indústria porque pode importar tudo”, prosseguiu.

Rafael alertou que hoje há uma disputa global sobre os países que vão ter uma indústria forte e os países que apenas serão consumidores de produtos industrializados.

“A disputa é por mercados, tecnologia e propriedade intelectual. O Brasil tem que estar nessa disputa, conectado com as novas tendências. Sem a indústria, o País estará fora da disputa mundial”, explicou.

O Plano foi pensado para 10 anos por ser um período fundamental para a indústria. “As políticas industriais para daqui 30 anos serão definidas em uma década. Esse período será decisivo para saber se a indústria será valorizada, com crescimento e geração de oportunidades no Brasil ou não”, disse.

O Indústria 10+ surgiu a partir das demandas do “Seminário Desafios da indústria no Brasil e dos trabalhadores e trabalhadoras” e da “Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora” lançada pelas centrais sindicais, com sete das 22 propostas relacionadas à indústria.

DIRETRIZES

Entre as diretrizes do Plano estão o aumento da densidade das cadeias produtivas no Brasil.

“Por exemplo, o setor automotivo tem uma cadeia longa, que vai desde o minério até a revisão dos carros, e vem perdendo participantes. Nós queremos voltar a ter uma indústria mais completa, complexa e articulada com as novas tecnologias, indústria 4.0, inovação e qualificação profissional. E os trabalhadores têm que acompanhar as mudanças e valorizar a renda, já que a melhor renda do trabalho no Brasil é na indústria”, ressaltou.

O Plano estipula a meta de dobrar o comércio exterior brasileiro de manufaturados em 10 anos. “É plenamente possível e significa mais empregos e produção nas empresas”, disse.

MESA NACIONAL

O Plano propõe a criação de uma mesa nacional multipartite de discussões. A proposta é envolver trabalhadores, empresários, governo, parlamento e universidades para discutir os temas no curto, médio e longo prazo, inclusive com avaliação a cada ano sobre o que evoluiu no emprego, salário, qualificação profissional, inovação e modernização das fábricas.

O Indústria 10+ será apresentado para as demais centrais sindicais e entidades patronais dos ramos, como Abimaq, Abiquim, Abiplast, Abicalçados, por exemplo. O Plano já foi apresentado ao candidato a presidente Fernando Haddad (PT) durante encontro no Sindicato dia 5, e será entregue aos candidatos com identificação com a classe trabalhadora.

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