Teto de gastos prejudica enfrentamento da pandemia

A Emenda Constitucional 95, conhecida como do Teto de Gastos retirou recursos federais do Sistema Único de Saúde, o SUS, na ordem de R$ 22,5 bilhões desde 2018 e prejudicou o combate à pandemia do coronavírus.  

“A pandemia não é um jogo de futebol, que entra Covid e sai Dengue. A Covid-19 agravou um processo que já vinha em curso de sucateamento do SUS”, afirmou o secretário de Finanças de Diadema, Francisco Funcia, durante o debate, por meio de videoconferência, Covid-19 – Financiamento em pré-colapso, promovido pelo Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil em parceria com o Instituto Sulamericano para a Cooperação e a Gestão Estratégica de Políticas Públicas, o AMSUR, na manhã deste sábado, 17. 

O ex-diretor-geral da Escola Superior de Administração Fazendária, a Esaf, Alexandre Motta destacou o crescimento medíocre do Produto Interno Bruto, o PIB brasileiro e salientou que  a queda de 4,1% em 2020 só não foi pior por que os R$ 230 bilhões pagos no auxílio emergencial contribuiu positivamente para a economia. 

“Não sei quantas milhares de vidas essa austeridade fiscal nos custará. A fome passou a ser um elemento a mais no quadro da nossa combalida economia”, criticou. 

O secretário de Finanças de Ribeirão Pires, Eduardo Pacheco, relatou as dificuldades enfrentadas pelo município, onde o Sistema de Saúde entrou em colapso e levou 40 pessoas a óbito. 

“O governo federal e o estadual viraram as costas para nós, de Ribeirão, alegando que a Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) daria conta de atender a demanda, mas não foi isso que aconteceu. Eu mesmo, que também fui contaminado pelo coronavírus, aguardei seis dias por uma vaga de UTI, que não existia nem em hospitais privados”, contou o secretário. 

O deputado estadual pelo PT, Teonílio Barba, também criticou a inoperância do governo estadual em propor ações para mitigar os efeitos da crise sanitária. 

“O Governo do Estado de São Paulo não fez nada de extraordinário para combater a pandemia ao contrário de outros governos, como o do Pará, que destinou R$ 500 milhões a mais no orçamento para o combate à Covid-19”, comparou o deputado.   

O presidente do TID-Brasil, Rafael Marques, atribuiu ao comportamento da elite brasileira, empenhada em retirar direitos sociais, a responsabilidade pelo desastre histórico que vive o País. 

“O Brasil empobreceu e a renda está cada vez mais concentrada nas mãos de poucos, enquanto a população passa fome”, completou. 

Segundo Antonio Granado, do Instituto AMSUR, as consequências da pandemia para além da questão sanitária, com o aumento da violência contra mulheres e crianças em isolamento social será o tema do terceiro encontro de debates na região do ABC, que acontecerá no próximo sábado, 24, às 10 horas, por videoconferência. 

Confira a íntegra do debate: 

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