Macroeconomia: “Brasil tem que por ordem na casa”

O professor doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, Nelson Marconi, afirmou que “a indústria é mais afetada que outros setores com o desequilíbrio macroeconômico existente no Brasil”.

A afirmação de Marconi foi feita durante o debate, por videoconferência, realizado na terça-feira (1º) pelo Macrossetor de Indústria da CUT, o MSI-CUT e o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, para a atualização do Plano Indústria 10+ Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico. 

Segundo ele, três fatores são responsáveis por esse desequilíbrio: o câmbio, a taxa de juros e a carga tributária e defendeu que uma política pública para o setor da indústria no País tem que adequar esses fatores para a manufatura produtiva. 

“A indústria, principalmente a de transformação, sofre mais com essa série de eventos por que sua margem de lucro é menor que a do agronegócio ou da construção, por exemplo”, comparou. 

Marconi explicou que mesmo com o real desvalorizado frente ao dólar, o que tornaria os produtos produzidos no País mais atrativos internacionalmente, a utilização de insumos importados ainda é muito grande na indústria brasileira. “Seria necessária a troca desses insumos para que as empresas conseguissem aumentar a participação e competir com os importados”. 

Além disso, a taxa de juros não estimula as exportações e os tributos teriam que aumentar sobre os mais ricos e diminuir sobre a produção, que impactam na competitividade do setor. “Precisamos por ordem na casa do ponto de vista macroeconômico”, completou.      

Marconi destacou a importância do setor industrial pela dinâmica dessa atividade econômica; que demanda outros setores, como de serviços; encadeamentos produtivos, tanto como comprador de insumos quanto fornecedor; gerador de inovação e empregos qualificados e mais bem remunerados, com salários razoáveis, certa estabilidade, remuneração constante, melhores condições e postos de trabalho diversificados. 

“O Brasil continua deixando acontecer a desindustrialização e é um grande equívoco acreditar que o País pode se desenvolver sem indústria”, sentenciou.  

O professor afirmou que a meta principal para a indústria deveria ser a capacidade exportadora e a política industrial algo consolidado, priorizando o desenvolvimento do setor e das empresas nacionais, a transferência tecnológica, com uma legislação que defenda os interesses locais e a produção de manufaturados que os chineses não produzem. 

“Quatro setores principais devem estar nessa política: o setor de saúde; biotecnologia, com fármacos e desenvolvimento de alimentos sustentáveis; agronegócio, agregando valor e biocombustíveis”, elencou.  

Além dos representantes dos metalúrgicos, químicos, da alimentação, do vestuário e do Sinergia, que compõem o MSI-CUT, participaram do encontro o presidente do TID-Brasil, Rafael Marques; a coordenadora do MSI-CUT e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras no Ramo do Vestuário, a CNTRV-CUT, Cida Trajano; o presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira; o gestor de empresas, Marcos Bastos; a assessora da subseção do Dieese na CUT Nacional, Adriana Marcolino e os professores da USP, João Furtado e da FGV e USCS, Luís Paulo Bresciani.  

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