Luís Bolsonaro XVII

Por Rafael Marques*

A história nos ensina que quando um governante se afasta da realidade, as consequências são desastrosas para todos, mas principalmente para ele. 

Algumas ações do presidente da República, Jair Bolsonaro, têm revelado esse distanciamento da realidade dos fatos. 

Com quase meio milhão de brasileiros mortos pela Covid-19, o representante da nação tem uma única preocupação: se manter no cargo a qualquer preço, mesmo que isso signifique cometer atrocidades. 

Bolsonaro tem surpreendido até mesmo seus eleitores, prova disso é sua aprovação cada vez mais baixa, principalmente pelas atitudes relacionadas à pandemia. 

O que poderia ser considerado como afirmações intempestivas e que nenhum mal efetivo faria à população, se tornaram a face mais cruel de sua gestão à frente do País, chegando ao cúmulo de desdenhar dos que lutam pela vida nas UTIs dos hospitais brasileiros, receitando medicamentos sem nenhuma eficácia contra o coronavírus ou ainda, mais grave, imitando pessoas morrendo sem ar nesses mesmos leitos hospitalares. 

Essa falta de empatia com a dor do povo e o descaso com o bem-estar social é bastante comum em regimes totalitários e dessa vez estamos vivenciando em um regime democrático. 

O controle social dos ditadores sempre se fez pela força, violência e repressão, mas assistimos a um novo método de controle pela mentira, distorção dos fatos e discursos ‘negacionistas’ sobre a ciência e o conhecimento humano. 

Bolsonaro se vale desse expediente ao eleger um séquito, com setores restritos da sociedade, que o apoiam por motivos inconfessáveis e que se sujeitam às aglomerações, sem se protegerem com máscaras e suscetíveis tanto à contaminação pelo coronavírus quanto à proliferação e criação de novas cepas da doença, mais letais e mais contagiosas.

Preso à irracionalidade de seu governo, que protelou a compra de vacinas capazes de salvar milhares de vidas, como tem demonstrando a Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI da Covid-19 do Senado Federal e escancarado essa sua face, o presidente da República, Jair Bolsonaro, passeia de moto ou a cavalo, como se absolutamente nada estivesse acontecendo, negando ações efetivas para o combate à pandemia. 

O que interessa a Bolsonaro é o seu próprio governo e mais uma vez, negando o seu próprio discurso, resgata o que há de mais atrasado na política, do tempo das oligarquias do passado, com os mesmos defeitos, com os mesmos rompantes que beiram ao ridículo e a piada. 

Foi assim, em uma reunião ministerial, com um bando de psicóticos exaltados, apregoando as maiores sandices, como chamar os ministros da Suprema Corte de vagabundos ou aproveitar a distração da mídia por conta da pandemia para ‘passar a boiada’ e desmatar a Amazônia.

Imaginem o show de horrores que seria se todas as reuniões ministeriais fossem transmitidas e de conhecimento público.  

Mas nada disso passa despercebido e cria desconfiança dos investidores e da população em geral, protelando ainda mais a recuperação econômica do Brasil e condenando milhões de pessoas a passarem fome.

A indignação social é tamanha, que milhares de pessoas foram às ruas, em plena pandemia, protestar contra o governo de Jair Bolsonaro, pedir sua saída da Presidência da República, vacinas para todos os brasileiros e o fim da sua política de morte. 

Atos se espalharam por todo o País, como uma procissão aos entes que partiram, vítimas dessa política insana de Bolsonaro. A realidade se impõe.      

*Rafael Marques é presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC           

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