“Quem tem condições de apontar uma saída é a classe trabalhadora”, diz Falcão

A afirmação é do deputado federal pelo PT de São Paulo, Rui Falcão, durante o encerramento do Curso de Formação e Capacitação Sindical – Resistência, Organização e Luta, realizado pelo Macrossetor da Indústria da CUT, o MSI-CUT; o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, e o Solidarity Center, da AFL-CIO, na terça-feira (27), por meio de videoconferência.

O parlamentar analisou a conjuntura nacional e o cenário desastroso que o Brasil enfrenta de desigualdade, racismo, machismo, homofobia, entre outras questões estruturais que desafiam a classe trabalhadora a buscar um caminho soberano e autônomo para o nosso país. 

“A crise é sanitária, social, com níveis de desigualdade graves com a volta da fome; econômica, com quedas do PIB (Produto Interno Bruto) e privatizações; é política, com crises no parlamento e no governo, e cultural, de valores, ensino domiciliar, escola sem partido”, elencou.

Para ele, além dos fatores internos, o Brasil ainda está ‘envolto em uma crise mundial do capitalismo em sua fase neoliberal, que tenta manter e ampliar seus lucros atacando violentamente as conquistas da classe trabalhadora’. 

“Os Estados Unidos promove toda sorte de agressão, golpes e bloqueios criminosos, como em Cuba e desestabilizações políticas”, denunciou.  

“Além disso, ainda há a crise ambiental, com fenômenos nunca vistos, com chuvas torrenciais na Alemanha, altas temperaturas no Canadá ou frio invernal, com temperaturas inferiores a 10 graus”, completou Falcão. 

O deputado lembrou que o mundo do pós-guerra defendeu o bem-estar social e a descolonização, duas razões para prevalência de setores, da existência de um bloco de países que se opôs aos EUA.  

“Não temos certeza se o pós-pandemia será uma melhoria para a classe trabalhadora, mas – sem tomar posição – o novo normal pode acirrar essas características hegemônicas, com mais estado de exceção, mais neoliberalismo e mais guerra. O capitalismo não é a solução, é a causa”, ponderou. 

Falcão afirmou que os integrantes do Partido dos Trabalhadores defendem a construção de uma sociedade socialista, mas que isso não é uma proposta que se resolverá na eleição do presidente Lula. 

Ele citou textualmente o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º maio de 2020, que afirma que o capitalismo está com os dias contados e que está nas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras a construção de um mundo onde haja respeito às diferenças em que todos dispõem de ferramentas para se emancipar, livre de opressão ou controle social.

“O PT tem um plano em defesa da vida, do emprego, da distribuição de renda, de reformas estruturais em defesa do meio ambiente, democrática, anti-patriarcal, antirracista, anti-machista e anti-homofóbica”, disse. 

Falcão destacou a recorrente ameaça à Constituição Federal, que, segundo ele, vem sendo rasgada e violentada desde Temer até Bolsonaro.

Ele salientou a importância da integração regional latino americana e caribenha, como um polo industrial que rompa a hegemonia dos Estados Unidos no continente.

“A absolvição do presidente Lula fortaleceu o “Fora Bolsonaro”, para afastar o presidente junto com o vice Mourão e suas políticas, mas isso ainda não significa que o presidente da Câmara, Arthur Lira, acatará um dos 130 pedidos de impeachment ou o super-pedido, que elenca 21 crimes comuns ou de responsabilidade já praticados pelo Bolsonaro”, analisou. 

O parlamentar questionou o posicionamento da ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, que não quis interferir no pedido de impeachment.

“Mas o STF interferiu na posse do ex-presidente Lula, como ministro da presidenta Dilma (Rousseff) e já interferiu na CPI da Covid, que expôs a corrupção, que retardou a compra de vacinas, pagando mais que o preço comum e desperdiçando dinheiro público”, criticou. 

“Os 580 dias de prisão injusta e a volta do protagonismo de Lula, antecipou o processo eleitoral, por isso, Bolsonaro e seus apoiadores do partido militar colocam essa questão do voto impresso como tentativa de impedir a derrota do Bolsonaro, o que desagrada 7 mil militares do Partido Militar, que ocupam o governo com altos salários”, completou. 

“Precisamos fazer uma campanha como a de 1989, com alegria e grupos de apoio, não apenas comitês, que parece que é só para a eleição, mas que sustentem a eleição, garantam a posse e o governo contra tentativas de golpe, que sempre se impõem quando as classes trabalhadoras alcançam algum direito”.

Redução de danos 

“Para quem acha que Bolsonaro está derrotado, ele tem muitas chances com a reforma que Guedes anuncia, liberal e privatista, ‘austericida’, com privatizações em larga escala para elevar o Bolsa Família e fazer  distribuição de riqueza”, contou Falcão.

Para ele, a intenção do governo é viabilizar o mesmo efeito do auxílio emergencial, que permitiu um crescimento da popularidade de Bolsonaro.

“Bolsonaro não está morto e assim como o capitalismo que está nos seus últimos dias, terá que morrer de morte matada pela solidariedade ativa de classe, que terá que passar para a ofensiva com os partidos de esquerda, em uma frente ampla radical, que vai a origem da crise e que sendo sistêmica exige uma solução global, sem a crença ingênua de uma postura republicana, que não substitui a luta da classe trabalhadora”, concluiu. 

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