“Exportações salvaram o PIB industrial da Bahia”, diz Gabrielli

O ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou que a queda do Produto Interno Bruto no Brasil, no 1º trimestre deste ano de 0,3%, não se refletiu no PIB baiano, que teve um crescimento de 0,3%.

A apresentação dos dados foi feita durante o Encontro Regional do Macrossetor da Indústria da CUT, etapa da Bahia, na tarde desta quinta-feira, 4, por videoconferência, aos mais de 50 dirigentes que representam os trabalhadores e trabalhadoras da indústria no estado. 


A atividade foi promovida pelo MSI-CUT e pelo Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, com o apoio da CUT Bahia.

“O que me chamou a atenção são dois elementos importantes: um dos setores que mais segurou o crescimento do PIB é o agronegócio, essencialmente exportador de grãos, ou seja, o responsável pelo dinamismo do PIB baiano é a exportação”, avaliou Gabrielli. 

“Essa exportação foi beneficiada pela desvalorização do real perante a moeda norte-americana”, completou.

Além disso, o ex-presidente destaca o que chama de ‘fenômeno Petrobras’. 

“O PIB industrial baiano cresceu muito, neste trimestre, 10%, principalmente por que o refino cresceu muito, um aumento de 43% em relação ao mesmo período do ano passado”, contou. 

Segundo ele, esse produto está sendo exportado como óleo de refino para navio, chamado ‘banker oil’.

“Isso significa mais uma vez, que as exportações também são um elemento relevante para a indústria baiana”, disse. 

“Por outro lado, a extração do petróleo e gás natural tem uma queda dramática, uma reestruturação do tamanho e posição relativa do petróleo, com o aumento do refino e a queda da produção”, comparou.

“Essa redefinição tem impactos setoriais, mas também sobre receitas, já que o produto vai para a exportação que não paga ICMS”, alertou Gabrielli. 

O secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia, Davidson Magalhães, destacou o trabalho que vem sendo realizado com a CUT e as centrais sindicais, no âmbito do Consórcio do Nordeste que reúne os governos da região, para formular a retomada do crescimento econômico pós-pandemia.

“O coronavírus já pegou o mundo em crise, que vem desde 2008, com a hegemonia do capital financeiro, que tem levado o capitalismo a agravar suas contradições”, salientou. 

Para Magalhães, tem havido um processo de precarização muito grande do trabalho e as transformações tecnológicas têm atendido muito mais aos interesses do capital financeiro. 

“Estamos longe de libertar o homem do trabalho. As novas tecnologias têm aumentado a produtividade e a precarização do trabalho, numa contradição profunda. Atacando o movimento sindical, por ser um instrumento de combate a isso”, avaliou. 

O presidente do TID-Brasil, Rafael Marques, considerou que a pandemia do novo coronavírus no País impede a retomada da economia. 

“Enquanto tiver a doença, a economia não volta, as pessoas não terão confiança para consumir. Por isso, vencer a pandemia é fundamental”, afirmou. 

Rafael criticou a postura do presidente da República para que isso aconteça o mais breve possível.

“O Bolsonaro não coordenou as ações de combate à pandemia, decidiu conversar com o seu grupo ideológico, que acredita em terra plana”, lamentou. 

“Parte do empresariado quer aplicar a velha receita de que os trabalhadores é que pagarão a conta, com mais direitos sendo retirados”, completou o presidente. 

Para ele, há a necessidade de construir uma unidade para restabelecer os pilares de uma relação minimamente respeitosa, em um ambiente democrático. 

“A nossa tarefa de defender a indústria tem também esse aspecto de resgatar a democracia, por que é nela que os trabalhadores se organizam e conquistam direitos”, concluiu.

A supervisora do Escritório Regional do Dieese na Bahia, Ana Georgina, apresentou estudo sobre a participação da indústria no Produto Interno Bruto da Bahia e comparou suas perdas ao longo dos anos. 

“Em 2018, a indústria representava 23,6% do PIB da Bahia, mas já chegamos a ter 27,1% de participação em 2010”, afirmou. 

Segundo o estudo do Dieese, há uma concentração espacial do setor na região metropolitana de Salvador, com cerca de 10 municípios detentores de 63,1% da riqueza gerada pela indústria baiana. 

“A Bahia sempre teve uma ausência de política industrial, o mais próximo que chegamos disso foi a de atração de investimentos via incentivos fiscais”, explicou Ana Georgina. 

Os representantes dos químicos, metalúrgicos, do ramo do vestuário, da alimentação, da construção e madeira e do Sinergia debateram O futuro da organização do trabalho e os desafios para a representação sindical, sob a coordenação da presidenta da Confederação Nacional dos Químicos da CUT, a CNQ-CUT, Lucineide Varjão Soares.   

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *