Avança ABC: Entidades elaboram diagnóstico da região
Fotos: Adonis Guerra
No dia 22 de fevereiro, estiveram reunidos no Auditório Heleny Guariba, em Santo André, representantes dos trabalhadores, da iniciativa privada – nos setores da indústria, comércio e serviços -, do poder público, das universidades, entre outros no evento Avança ABC – Diagnóstico Regional.
A atividade, promovida pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, foi dividida em quatro blocos, com os temas Diagnóstico Regional, Desafios Setoriais, Inclusão Produtiva e Inovação.
O presidente da Agência, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou o papel da entidade na conexão dos diversos atores regionais para a construção do diagnóstico e para a elaboração de políticas públicas capazes de alavancar o desenvolvimento da região do ABC Paulista.
“O Estado de São Paulo sofre mais que o Brasil no processo de desindustrialização e no ABC é ainda pior”, afirmou.
Para Silva, é importante discutir esse diagnóstico, “as dores, problemas e desafios que apontem um rumo para conectar de forma transversal os setores, a iniciativa privada, poder público, universidades, indústria”.
O presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, criticou a atitude do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao vetar a continuidade do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que previa a isenção de impostos sobre produtos químicos de 1ª e 2ª geração.
“Havia um acordo que foi discutido com a Câmara dos Deputados, Senado e ministros do governo e o presidente passou por cima. São 80 mil postos de trabalho direto e quase meio milhão indiretos ameaçados com o fim da alíquota”, disse.
Segundo Suzart, há 25 anos, o Brasil produzia 25% de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) e hoje não produz 10%, além disso o Polo Petroquímico do ABC pode ser impactado pela venda da Braskem.
“Há 50 anos foi constituído o Polo Petroquímico do ABC, o primeiro do Brasil e será o primeiro a fechar com a venda da Braskem e se isso acontecer nem precisa dizer o impacto no ABC, já que
Mauá e Santo André dependem da indústria química”, completou.
O dirigente também chamou a atenção para o debate sobre o porto de Santos, tema que foi abordado pelo deputado estadual pelo PT-SP, Teonílio Barba.
“O debate sobre o Porto de Santos é fundamental já que há um indicativo de transformar o Porto exclusivamente para exportação do Agronegócio, se isso acontecer será a destruição do Polo Industrial do ABC. Como as autoridades do ABC irão se posicionar sobre isso? Chamar a iniciativa privada, a comunidade científica para uma mobilização estadual? É um problema gravíssimo”, alertou o deputado.
Barba avaliou o programa de incentivos do Governo do Estado de São Paulo, o IncentivAuto, como tímido diante das necessidades do setor.
“O programa prevê apenas isenções fiscais para ampliação e aquisição de plantas fabris, mas, no entanto o governador João Doria vetou a emenda aglutinativa proposta pelo meu mandato, com a perspectiva de PeD, com laboratórios, pesquisa, inteligência artificial, modal de ferramentaria e pesquisa de motor híbrido”, contou.
“O Estado de São Paulo é o maior produtor de etanol do Brasil e poderia estar à frente do desenvolvimento de um motor híbrido etanol e elétrico”, defendeu Barba.
O deputado ainda posicionou o seu mandato para o estímulo à economia solidária, com a destinação de R$ 3 milhões em emendas parlamentares para estudos nessa área.
O prefeito de Santo André e presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC, Paulo Serra, prestigiou a atividade e lembrou dos percalços pelos quais a Agência passou, o retorno de várias cidades que tinham se afastado e a importância do espaço coletivo regional.
“Corremos riscos institucionais até de sumir como ferramenta de política pública, estava tendo um desmonte com a saída de vários municípios”, afirmou.
“É um trabalho de resistência e é importante ter essa paciência e resiliência para a retomada pós-pandemia. O emprego e a renda nascem desse estudo fundamental para a região que a gente quer construir”, defendeu Serra.
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